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Dvar Torah 26ª Parashat: Shemini

 

Dvar Torah דבר תורה
(Palavra de Torá) 


26ª Parashat Shemini (20 de abril.- 26 de abril.)

Escrito por: Israel Gusmão 

שמיני Shemini (Oitavo) 

Levítico/Vayikrá 9:1-11:47

"E aconteceu ao dia oitavo, que Moisés chamou a Aarão e seus filhos, e os anciãos de Israel," 

1ª Aliyah (Domingo): Veyikrá/Levítico 9:1-16

2ª Aliyah (Segunda-feira): Veyikrá/Levítico 9:17-23

3ª Aliyah (Terça-feira): Veyikrá/Levítico 9:24-10:11

4ªAliyah (Quarta-feira): Veyikrá/Levítico 10:12-15

5ª Aliyah (Quinta-feira): Veyikrá/Levítico 10:16-20

6ª Aliyah (Sexta-feira): Veyikrá/Levítico 11:1-32

7ª Aliyah (Sábado): Veyikrá/Levítico 11:33-47


Haftarah (Os Profetas)

II Samuel 6:1-7:47

Brit Chadashá (Novo Testamento)

Marcos 14:1-72

Hebreus 7:1-19



Comentários:

 ב''ה

🔥 Fogo do Céu, Silêncio da Alma: Lições Eternas da Parashat Shemini 

📖 Vayikra (Levítico) 9:1–11:47

“E saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu, e eles morreram diante do Senhor.”
(Vayikra 10:2)


🌟 Introdução: A Inauguração do Mishkan e a Presença de D’us

A Parashat Shemini marca um ponto culminante na narrativa de Vayikra. Após sete dias de consagração, Aharon e seus filhos iniciam oficialmente o serviço sacerdotal. O povo está reunido, Moshe e Aharon cumprem todos os mandamentos para o serviço no Mishkan, e então — algo sobrenatural acontece:

“Saiu fogo de diante do Eterno, e consumiu o holocausto e as gorduras sobre o altar; e todo o povo viu, exultou e prostrou-se com o rosto em terra.”
(Vayikra 9:24)

Nesta semana, a Parashat Shemini nos transporta para um dos momentos mais sublimes — e simultaneamente mais trágicos — da história de Israel no deserto. A inauguração do Mishkan, o Tabernáculo, é celebrada com grande glória. O povo testemunha um milagre: fogo desce dos céus e consome a oferta no altar. É a confirmação celestial de que a Presença Divina habita no meio de Israel. O Eterno se manifesta com fogo do céu. A presença divina se torna visível, tangível, gloriosa. O povo vê e adora. É como se, por um instante, o céu tocasse a terra.

No entanto, essa alegria é interrompida bruscamente com a morte de Nadav e Avihú, filhos de Aharon, o Sumo Sacerdote. Eles oferecem "fogo estranho" diante do Eterno — uma atitude que culmina em sua morte imediata. O texto bíblico não especifica claramente qual foi o erro, mas os sábios de Israel propõem várias interpretações.


Mas, em seguida, uma virada trágica e misteriosa: Nadav e Avihu, filhos mais velhos de Aharon, oferecem “fogo estranho” diante do Eterno — e são consumidos pelo mesmo fogo que antes representou glória.



❓O Que é o “Fogo Estranho”?

O texto hebraico usa o termo esh zarah, indicando algo fora da ordem estabelecida. A Torá não detalha exatamente o que foi feito, mas os sábios tentaram entender.

O Midrash (Vayikra Rabbah 20:8) apresenta várias possibilidades:

  • Rabi Eliezer diz que eles decidiram halachá (lei) diante de Moshe — algo proibido.

  • Rabi Ishmael diz que estavam embriagados, associando à proibição que vem logo depois:

    “Não bebereis vinho nem bebida forte quando entrares na tenda da congregação...” (Vayikra 10:9)

  • Outros comentam que entraram sem terem se casado, ou sem terem sido ordenados para aquele serviço, ou que desejaram a glória para si.

Mas a Torá nos oferece a explicação mais direta através da resposta divina a Aharon:

“Serei santificado por aqueles que se chegam a mim, e glorificado diante de todo o povo.” (Vayikra 10:3)

Eles se aproximaram do Eterno com boas intenções, mas sem temor. Quiseram se achegar, mas sem obediência. E o resultado foi morte.


🤐 O Silêncio de Aharon: A Grandeza Espiritual de um Pai

Aharon, ao saber da morte de seus filhos, permanece em silêncio. Esse silêncio não é vazio. Ele está carregado de reverência. Ele é fé em ação. Ele é aceitação do juízo de D’us mesmo sem entender.

O silêncio de Aharon nos ensina algo raro em nossos dias: a submissão reverente à vontade divina, mesmo quando ela nos fere.
Ele não murmura. Ele não acusa. Ele apenas se cala.

A reação de Aharon, pai dos jovens, é igualmente impactante: “E Aharon ficou em silêncio”. Ele não protesta, não acusa, não questiona. Seu silêncio é profundo — uma entrega absoluta à soberania divina. Esse silêncio, segundo os sábios, é recompensado com um gesto singular: D’us Se dirige diretamente a Aharon, e apenas a ele, para dar as instruções sobre o consumo de vinho pelos sacerdotes.

🔹 “Falou o Senhor a Aharon, dizendo...” (Vayikra 10:8)

É como se o céu dissesse: “Você não falou, mas Me ouviu.” E isso é poderoso. Há momentos em que nossa compreensão é pequena diante da grandeza do plano divino. Nessas horas, o silêncio não é ausência de fé, mas sua mais pura forma. 



⚖️ Santidade: A Medida para se Aproximar de D’us

A seguir, o texto começa a falar sobre distinções: entre o santo e o profano, entre o puro e o impuro. A mensagem é clara:

“Se queres te achegar ao Eterno, deves ser separado.”

Hoje, em nome de atrair pessoas, muitos tentam adaptar a fé ao gosto do mundo. Esquecem que a presença de D’us não é um brinquedo. Nadav e Avihu estavam no lugar certo, com os utensílios certos, mas com o coração desalinhado.

A presença de D’us não aceita “atalhos”.
Não podemos substituir temor por performance.
Nem santidade por intenção.

🍔 Alimentação: Um Processo de Santificação

A Parashat também traz os mandamentos sobre os alimentos puros (kasher) e impuros, um dos pilares da identidade do povo de Israel. Mais do que normas alimentares, essas leis apontam para algo maior: o princípio espiritual da separação.

Separar o santo do profano, o puro do impuro, o limpo do impuro — isso é o coração da Torá. Como diz em Vayikra 11:44: “Sede santos, porque Eu sou santo.” Isso não é legalismo, é identidade. D’us nos chama a viver de forma distinta, não por orgulho, mas por consagração. Porque Ele é diferente de tudo o que há neste mundo, nós também devemos ser.

Essa distinção, nos dias de hoje, pode parecer desnecessária ou ultrapassada. Muitos dizem: "D'us conhece o coração", como se isso nos isentasse da responsabilidade prática da obediência. Mas a Torá nos ensina que o coração que ama D’us é o coração que O ouve.




📜 Haftarah – 2 Shemuel 6:1–7:17

A Arca, o Tremor e a Dança

Na haftará (2 Samuel 6–7), somos conduzidos ao relato do rei David trazendo a Arca da Aliança para Yerushalayim (Jerusalém). Inicialmente, com boa intenção, mas execução equivocada: transportam a Arca num carro de bois, em desacordo com a ordem divina. Uzá toca na Arca e morre instantaneamente.

Assim como Nadav e Avihu, Uzá agiu com boa intenção — mas sem reverência.
D’us não precisa de ajuda humana para sustentar Sua presença.

Mais uma vez, aprendemos que zelo sem reverência pode ser destrutivo. A presença de D’us não é para ser manipulada, mas reverenciada. Não basta sinceridade — é preciso obedecer.

Após esse episódio, David reorganiza tudo conforme os preceitos divinos, e finalmente a Arca entra em Jerusalém com festa, alegria e dança. E então, surge o escárnio de Mical, que vê David dançar com liberdade e despreza seu comportamento. Mas a resposta de David é um ensinamento eterno:

“Ainda mais me humilharei por amor ao Senhor.”

 

Ele compreendeu que não existe dignidade maior do que a entrega diante de D’us. A verdadeira espiritualidade se manifesta não na aparência, mas na autenticidade do coração que se regozija em servir.

Essa é a chave: reverência, obediência, e humildade.




✝️ Brit Chadashá – Hebreus 7:1–19 | Marcos 14

No Brit Chadashá, encontramos o contraste mais sublime:

Yeshua, nosso Cohen Gadol, entra no Lugar Santíssimo não com o sangue de animais, mas com Seu próprio sangue.
Ele é segundo a ordem de Malki-Tzedek — um sacerdócio eterno.

Sua vida foi de obediência absoluta. Ele não ofereceu fogo estranho, mas ofereceu-se a Si mesmo como sacrifício agradável. Ele não morreu por erro próprio, mas carregou nossos erros.

“Tendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de D’us.”
(Hebreus 10:12)


🔁 Aplicações para Hoje: O Culto e a Vida

Nos dias atuais, ouvimos frases como:

  • “O importante é o coração.”

  • “D’us entende minha intenção.”

  • “Vamos fazer do nosso jeito.”

Mas se a parashá nos ensina algo, é isto:

⚠️ Zelo sem obediência é perigoso. Emoção sem submissão é destrutiva.

O culto não é sobre nós. É sobre Ele.
E Ele nos diz como quer ser adorado.

Não somos chamados para criar uma experiência espiritual — mas para oferecer a Ele uma vida santificada.
Não somos artistas do sagrado. Somos servos da glória.



🙏 Conclusão: 

O mesmo fogo que consome também purifica. A mesma presença que mata também vivifica. Depende de como nos achegamos.

Que sejamos como Aharon:

  • que aceita a vontade divina, mesmo quando fere;

  • que se cala, quando não há palavras para entender;

  • que é recompensado com a voz de D’us.

E que sejamos como David:

  • que aprende com os erros;

  • que dança com reverência;

  • que se humilha por amor ao Eterno.

E que jamais sejamos como Nadav, Avihu ou Uzá:

  • ousados sem temor,

  • impacientes na santidade,

  • sinceros — mas desobedientes.


“Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”
(Yeshua, em Marcos 8:34)







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Escrito por: Israel Gusmão








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