Teshuvá תשובה
Tzniut: Um Chamado à Modéstia
Embora esse tema seja bastante polêmico dentro do cenário religioso, não podemos simplesmente ignora-lo. E é necessário que seja debatido e discutido, pois como nos vestimos também importa para D'us, pois como filhos de um Rei, devemos nos portar de tal maneira, pois D'us é digno de filhos modestos e decentes.
Na parashat dessa semana (Tetsavê) estudamos um pouco mais sobre as vestes do sumo-sacerdote de Israel (Cohen Gadol) e fomos convidados a contemplar a beleza da modéstia, não apenas como um conceito exterior, mas como uma expressão profunda de reverência e santidade. As vestes sacerdotais descritas em Êxodo 28, elaboradas com detalhes precisos e materiais nobres, não eram meramente adornos, mas símbolos de uma vida consagrada ao serviço divino. Cada fio, cada cor, cada pedra preciosa falava de uma dignidade que transcendia o superficial, apontando para um chamado interior: a modéstia como reflexo da presença de D'us.
Hoje, vivemos em um mundo onde a modéstia parece ter sido esquecida. As roupas que vestimos muitas vezes refletem uma cultura que glorifica a exposição, a sensualidade e o individualismo. As calças justas, os decotes profundos, as blusas transparentes e os shorts curtos tornaram-se comuns, muitas vezes sem que percebamos como eles podem ofuscar nossa dignidade e distrair aqueles ao nosso redor. A moda contemporânea, em muitos aspectos, parece ter abandonado a busca pela beleza que edifica, optando por uma estética que frequentemente banaliza o corpo e o reduz a um objeto.
No entanto, mesmo em meio a essa realidade, há esperança. A modéstia não precisa ser sinônimo de feiura ou desleixo. Pelo contrário, quando bem compreendida e praticada, ela pode ser uma expressão de elegância e bom gosto. Escolher roupas que cobrem o corpo de forma adequada, que valorizam a simplicidade e a funcionalidade, não significa abrir mão da beleza. Significa, antes, redescobrir uma beleza que não se baseia na exposição excessiva, mas na harmonia, na proporção e no respeito.
A Halacha, o conjunto de leis que guia a vida judaica, oferece diretrizes claras sobre tzniut (modéstia), um valor fundamental na tradição judaica. No contexto da vestimenta, tzniut não é apenas sobre roupas; é uma expressão de respeito próprio, espiritualidade e dignidade. Neste artigo, exploramos o que a Halacha ensina sobre as regras de vestimenta modesta, incluindo comprimento de mangas, saias e decotes.
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1. Cobertura dos Braços: O Comprimento das Mangas
De acordo com a Halacha, as mangas devem cobrir pelo menos os cotovelos. Essa diretriz não é apenas prática, mas também simbólica, refletindo uma intenção de manter a dignidade em todos os aspectos do cotidiano. Mangas que ultrapassam os cotovelos são preferidas, especialmente em contextos mais formais ou religiosos.
*Homens devem evitar sempre as camisas e camisetas que chamam a atenção para os seus músculos
2. Comprimento das Saias e Vestidos
O comprimento das saias ou vestidos é uma das diretrizes mais reconhecidas no tzniut. Elas devem cobrir os joelhos tanto em pé quanto ao sentar-se. Muitas mulheres optam por comprimentos midi ou maxi, que garantem cobertura total e um visual elegante e moderno. Uma boa opção é utilizar anáguas abertas e um pequeno shorts por dentro das saias e vestidos para evitar constrangimentos com a movimentação das saias e vestidos.
3. O Decote e a Cobertura do Colo
A área do decote também possui orientações específicas. A Halacha estabelece que a região da clavícula deve ser coberta. Tops ou vestidos devem ter cortes altos o suficiente para evitar a exposição do colo. Para maior segurança, muitas mulheres utilizam camadas ou acessórios como lenços para garantir que estejam de acordo com as diretrizes.
4. Tamanho e Caimento das Roupas
Além da cobertura, a Halacha orienta que as roupas não devem ser excessivamente ajustadas ao corpo. O objetivo é que as vestimentas realcem a personalidade e a espiritualidade, e não o físico. O uso de tecidos mais soltos permite criar looks sofisticados sem comprometer o conforto.
Seguir as diretrizes de tzniut vai além de escolher as roupas certas; é sobre refletir uma postura interna de humildade e autoconsciência. Embora as regras possam variar ligeiramente entre diferentes comunidades judaicas, o princípio central é universal: vestir-se de forma que honre a espiritualidade e o respeito por si mesma e pelos outros.
A Reforma do Vestuário:
Ellen White, pioneira do movimento adventista, viveu em um tempo de grandes transformações sociais e culturais. O século XIX testemunhou uma revolução nas vestimentas, com o abandono gradual das roupas mais recatadas em favor de estilos que refletiam a crescente liberdade e, por vezes, a decadência moral da sociedade. As saias longas e modestas deram lugar a vestidos mais curtos e justos; os tecidos pesados foram substituídos por materiais leves e, muitas vezes, transparentes. A moda, outrora um reflexo da dignidade humana, tornou-se um campo de batalha entre a decência e a indecência.
Diferente do que muitos pensam, Ellen White possuía um pensamento muito equilibrado sobre as vestimentas, pois enquanto condenava o uso de itens que eram bem vistos pelos mais radicais, também criticava o mal uso de certos vestuários pelos mais liberais.
Ellen White era totalmente contra o uso de vestidos grandes e saias que arrastavam no chão:
"As vestes que arrastam no chão são anti-higiênicas, pois acumulam sujeira e umidade, e são um meio de transmitir doenças. Além disso, são um desperdício de tecido e não refletem a simplicidade e a modéstia que devem caracterizar o povo de D'us."
– Ellen G. White, Conselhos sobre Saúde, p. 94.
E também foi contra o uso de crinolinas e espartilhos:
"As crinolinas são um incômodo e um perigo. Elas ocupam muito espaço, dificultam o movimento e são um meio de transmitir doenças, pois acumulam sujeira e umidade. Além disso, elas chamam atenção indevida para a forma física e incentivam a vaidade e o orgulho."
– Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 424.
"O uso de espartilhos é um costume pernicioso que prejudica a saúde. Eles comprimem os órgãos internos, impedem a circulação sanguínea e dificultam a respiração. As mulheres que usam espartilhos estão sacrificando sua saúde em nome da moda, e isso é contrário aos princípios de saúde e modéstia que D'us nos deu."
– Ellen G. White, Conselhos sobre Saúde, p. 93.
Mas isso não fazia dela uma pessoa liberal, pois também condenava o liberalismo no vestuário
Ellen White também condenou o uso de vestimentas curtas:
"Os vestidos curtos, que deixam à vista as pernas e outras partes do corpo, são uma afronta à decência e à modéstia. Eles não apenas desviam a atenção para a forma física, mas também incentivam a vaidade e a sensualidade."
– Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 424.
"Em uma visão, fui instruída a recomendar que os vestidos fossem suficientemente longos para cobrir os pés, mas não tão longos a ponto de arrastar no chão. Um comprimento de cerca de 15 a 20 centímetros acima do chão é o mais adequado, pois permite liberdade de movimento, evita o acúmulo de sujeira e mantém a decência."
– Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 425.
Ou seja, a irmã White, considerou a reforma do vestuário, não como uma maneira de tornar tudo mais puritano e rígido, mas de um equilíbrio no bom vestir.
"O vestuário deve ser de boa qualidade, de cores apropriadas e adaptado ao uso, mas sem extravagância ou ornamentação desnecessária. Ele deve cobrir o corpo de forma adequada, sem chamar atenção indevida para a forma física, e deve promover a saúde e o bem-estar."
– Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 425.
Embora nossas vestimentas tenham sido modernizadas, não quer dizer que devemos perder a modéstia ao nos vestirmos para D'us! Nossas roupas por serem modernas, com tecidos melhores e mais leves, nos ajudam a viver plenamente a modéstia.
Ellen White alertou sobre os perigos dessas tendências, não por um puritanismo vazio, mas por uma compreensão profunda de que o vestuário é uma linguagem. As roupas que escolhemos falam de quem somos, do que valorizamos e de como nos relacionamos com o mundo e com D'us. Ela defendia que o vestuário deveria ser simples, funcional e modesto, refletindo uma vida de equilíbrio e consagração. Para ela, a reforma do vestuário não era uma questão de seguir regras rígidas, mas de expressar, através da aparência, um coração transformado pela graça.
A Importância da Modéstia em Ambientes como Academia e Praia
Em ambientes como a academia e a praia, a modéstia pode parecer um desafio ainda maior, dada a natureza das atividades realizadas nesses locais. No entanto, é precisamente nesses contextos que a modéstia se torna ainda mais crucial, pois eles são espaços onde o corpo é frequentemente exposto e onde a tentação de seguir as tendências da moda pode ser mais forte.
Na Academia
A academia é um lugar onde as pessoas buscam cuidar do corpo, melhorar a saúde e o condicionamento físico. No entanto, a moda fitness muitas vezes prioriza roupas justas e reveladoras, que destacam a forma física de maneira excessiva. Calças leggings justas, tops curtos e regatas cavadas são comuns, mas podem distrair e até mesmo causar desconforto para aqueles que buscam um ambiente de respeito e concentração.
A modéstia na academia não significa abrir mão do conforto ou da funcionalidade. Existem opções de roupas esportivas que cobrem o corpo de forma adequada, sem comprometer a liberdade de movimento. Calças de moletom, shorts mais largos e camisetas de manga curta são exemplos de peças que combinam modéstia e praticidade. Ao escolher roupas que valorizam a decência, estamos não apenas cuidando de nossa saúde física, mas também honrando a Deus com nosso corpo, que é templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19-20).
Na Praia
A praia é um ambiente onde a exposição do corpo é ainda mais acentuada. Biquínis e sungas mínimas são comuns, mas eles frequentemente banalizam o corpo e reduzem a dignidade humana a um objeto de desejo. A modéstia na praia não precisa ser sinônimo de roupas pesadas ou inadequadas para o ambiente. Existem opções de maiôs e bermudas que cobrem o corpo de forma respeitosa, sem perder a leveza e o conforto necessários para aproveitar o mar e o sol.
Escolher roupas de praia modestas é uma forma de expressar respeito por nós mesmos e pelos outros. É um testemunho silencioso de que valorizamos a beleza interior e que nosso corpo não precisa ser exposto para ser apreciado. A modéstia na praia também é uma oportunidade de influenciar positivamente aqueles ao nosso redor, mostrando que é possível se divertir e aproveitar a natureza sem comprometer os princípios de decência e respeito.
Conclusão
A modéstia, seja na academia, na praia ou em qualquer outro ambiente, é um chamado a uma vida de integridade e consagração. É um convite a refletir, em nossa aparência, a santidade e a reverência que devem caracterizar nosso relacionamento com D'us e com o próximo. Que nossas escolhas no vestir sejam guiadas não pelas tendências passageiras deste mundo, mas pelos princípios eternos do Reino de D'us. E que, ao fazermos isso, possamos refletir, mesmo em nossa aparência, a luz daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
Com criatividade e intenção, é possível harmonizar os princípios da Halacha com um guarda-roupa contemporâneo e cheio de estilo. Afinal, a modéstia é uma expressão de força e beleza interior.









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