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Beth Midrash: Lição 01- Alguns Princípios da Profecia (29 de mar. - 04 de abril.)

 

Beth Midrash

בית מדרש

(Casa de Estudo)

Lições e comentários sobre a escola sabatina.

ב''ה

RESUMO: Lição da Escola Sabatina

LIÇÃO 01- Alguns Princípios da Profecia 

29 de mar. de 2025 - 04 de abril. de 2025

Escrito por: Amanda Medina 

Verso da semana: "Mas aquele que se gloria, glorie-se nisto: em Me conhecer e saber que Eu sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na Terra; porque destas coisas Me agrado, diz o Senhor"  (Jeremias/Yirmeyahu 9:24).


Shabbat - Sábado

O capítulo 9 de Yirmiyah (Jeremias) trata de um momento em que o povo de Israel estava literalmente no buraco, praticando idolatria, manchando as mãos de sangue. O povo, havia rejeitado a instrução de  D´us, e sua revelação. Tanto na Torah quanto através da voz do profeta. O lamento de Yirmiyah neste capítulo termina com um apelo para conhecer a D´us, em hebraico está escrito דעַיָ) yada’), que tantas vezes se traduz para português como “conhecimento, pode significar todos as formas que, em geral, se atribuem ao conhecimento. Em um primeiro momento pensamos que esse significado se trata de um processo mental e cognitivo, todavia vemos nas escrituras o uso da palavra yada’ apontando para uma relação íntima.

 O profeta Yirmiyah enfatiza que sabedoria e conhecimento de D´us seria, observá-lo no exercício da misericórdia, da justiça e retidão na terra “Não é isso o conhecimento de D´us?”, questiona o profeta (Yirmiyah 9:23, 22:16). Ao considerar que o conhecimento de D´us está intimamente ligado a um relacionamento pessoal com Ele, podemos compreender que a compreensão de profecias não está fora de nosso alcance. Da mesma forma que o Eterno foi íntimo de seus profetas, e por eles revelou o futuro. Assim também pelo auxílio do Ruach Hakodesh (Espírito Santo), podemos conhece-lo. Isso implica em um estudo atento e dependente. Não baseado em nossas opiniões ou sentimentos, mas unicamente no que o Eterno revelou.

Yom Rishon - Domingo


"Muitos julgam a Bíblia como um livro de mitologias por não considerar que ela seja realmente válida. Isso instiga a um espírito não de dúvida sincera, mas de questionamentos muitas vezes sem fundamento. 'A incredulidade é fortalecida ao ser incentivada; e, se os homens, em vez de se ocuparem com as provas que D'us deu a fim de sustentar sua fé, se permitirem discutir e especular, verão que suas dúvidas se tornam constantemente mais acentuadas'.”

 O Grande Conflito, pág. 527.

 Compreender que a Bíblia é um registro histórico, é fundamental para não cometer certos equívocos de interpretação. Como por exemplo ao ler um texto do Tanah observando o contexto em que foi escrito, qual a cultura que se vivia naquela época, se foi escrito em Hebraico, aramaico ou grego como na Brit Hadashá. A partir dessa compreensão evitamos uma leitura julgadora em busca de erros, mas adotamos um olhar mais atento. 

Outro aspecto importante é ter em mente que o próprio fato de terem variações de registro não faz do texto bíblico incoerente, mas prova mais uma vez que estamos diante de um registro histórico valioso. Não se engane, a Bíblia não é somente um registro histórico como qualquer outro registro. Mas é inspirado pelo Eterno. O verso de Timóteo diz “toda a Escritura divinamente inspirada”. O verbo “inspirar” provém do termo inspirar, “soprar” ou literalmente respirar, ou seja, a linguagem é humana, é cheia de elementos históricos, todavia é inspirada. E mostra a presença de um D´us soberano sobre o tempo e pessoal para o seu povo. As profecias testificam exatamente esses dois pontos, o histórico e a inspiração Divina. Considerando que previram coisas que iriam acontecer com precisão. 

“Sabendo primeiramente isto: Que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de D'us falaram inspirados pelo Espírito Santo” 

1 Kefa(Pedro) 1:20-21


“Os que querem duvidar têm suficiente oportunidade para isso. D'us não se propõe fazer desaparecer toda ocasião para a incredulidade. Apresenta evidências que precisam ser cuidadosamente analisadas, com espírito humilde e suscetível ao ensino; e todos devem julgar pela força dessas mesmas evidências. D'us dá aos espíritos sinceros suficientes evidências para crer; o que, porém, voltar os olhos da força dessas provas, somente porque deparou algumas coisas que sua inteligência finita não apreende, será abandonado à atmosfera glacial da incredulidade e da dúvida, vindo a experimentar o naufrágio da fé.”

(Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 290.) 

Yom Sheni - Segunda-Feira

A revelação é progressiva, assim como nosso entendimento. Primeiro precisamos ter uma base de algo conhecido para então entrar em contato com o desconhecido, sendo assim, passando a ser conhecido. Porque inevitavelmente o ser humano fará associações com o que já sabe. Na vida com o Eterno não é diferente, só seremos capazes de compreender assuntos mais complexos quando já compreendemos os mais simples, que são a base para o outro. Não sem motivação Hošea(Oseias) está escrito no capítulo 6 verso 3 “ E conheceremos e prossigamos em conhecer ao Senhor..” indicando que o conhecimento é progressivo. A fé não é um conjunto de crenças que se repetem em voz alta, mas a prática, a ação sobre o que se crê. Imagine se ao invés de praticar o que já se sabe, ao invés de compreender o básico, uma pessoa gastasse seu tempo à procura de novidades? Não seria apto nem para o simples tampouco para o complexo. A probabilidade de confusão mental e crise de convicções é enorme!

“Os homens são instrumentos nas mãos de D'us, por Ele empregados para cumprirem Seus propósitos de graça e misericórdia. Cada um tem a sua parte a desempenhar; a cada qual é concedida uma porção de luz, adaptada às necessidades de seu tempo, e suficiente para o habilitar a efetuar a obra que D'us lhe deu a fazer.” 

-Ellen G. White (Grande Conflito Cap 19)  

Observe que a realidade dos pensamentos de D'us serem superiores aos nossos, nem sempre vamos compreender completamente todas as coisas. Mas aquilo que recebemos é suficiente dentro do tempo e condição que vivemos. Portanto sigamos conhecendo a D´us

Yom Shlishi - Terça-Feira

Abraão teve que trocar de nome, e isso define sua missão de vida. O nome Abrão significa “pai de aram”, a mudança de nome fez com que se tornasse Abraham “ pai de muitas nações". Ou seja, agora você conhece a verdade e conhecê-la impõe uma missão: Espalhar isso ao mundo todo. 

“O Midrásh diz que os judeus podem ser comparados a uma pessoa que encontra uma joia tão magnifica, brilhante e bela que quem quer que a veja fica impressionado. Mantê-la escondida seria um pecado. Qualquer um que possua algo que possa trazer alegria aos demais é obrigado a permitir que outros também desfrutem disso. É por isso que Abrahão e todos os seus descendentes têm essa missão.” – Rabino Benjamin Blech 

Ser grato por ter luz não é somente sorrir em satisfação, mas assim como nosso pai Abrahão, ser uma benção. Iluminar os que estão ao nosso redor com aquilo que já possuímos. Isso toma uma proporção gigantesca quando se tem consciência da grandiosidade que é a mensagem do Mashiach. 

“Toda pessoa que se une a Cristo se torna uma luz na casa de D'us. Cada um deve receber e partilhar, deixando sua luz brilhar em raios claros e luminosos. Seremos responsabilizados diante de D'us se não deixarmos a luz brilhar sobre os que estão em trevas. D'us deu a cada membro de Sua igreja a tarefa de dar luz ao mundo, e os que fielmente fazem sua parte nesta obra, receberão um crescente suprimento de luz para repartir. Por Seu Espírito o Senhor modelará e adaptará o instrumento humano, estimulando suas energias e dando-lhe luz para iluminar a outros."

-Ellen White 

Yom Revii - Quarta-Feira

Quando Yeshua diz que nada será alterado da Lei até que tudo se cumpra, inevitavelmente precisamos admitir que ainda existem coisas a serem cumpridas. Estudar profecia não é prever o futuro, mas compreender o que o Eterno disse sobre o futuro. Para isso é necessário um estudo de intertextualidade, ou seja, estudar tudo o que a Escritura diz sobre determinado assunto. Yeshua expos as profecias a seu respeito para que aqueles discípulos no caminho de Emaús compreendessem que se tratava dele. Estamos muito mal-acostumados em querer entender verdades de forma mastigada. É necessário um estudo profundo e força de vontade no estudo da Bíblia. Quem entende a revelação é aquele que lê e ouve. D´us quer ser conhecido, por isso nos deu sua revelação! Observe que a palavra grega (ἀποκάλυψις) Apocalipse ou revelação, aparece no início de Yohanan. Todavia nós não podemos e nem conseguiríamos entender além do que Ele revelou e o que revelou sem o auxílio daquEle que perscruta o mais íntimo de D´us, Ruah HaQodesh (Espírito santo.)

Yom Chamishi - Quinta-Feira

Muito provavelmente você se lembre que em 2019 quando se iniciou a pandemia do Covid-19 muitas pessoas acreditavam que a marca da besta era a vacina ou um chip implantado no corpo. Isso pode parecer cômico, todavia essa forma de entender o que a profecia diz está atrelado ao entendimento de “tudo é símbolo” ou “tudo é literal”. D´us deseja que entendamos o que os símbolos significam, contudo, ter uma leitura 8 ou 80 da Escritura não é uma forma confiável de interpretação dos símbolos proféticos. É importante ressaltar que a Bíblia não é um livro Talismã, mas sim um livro inspirado, escrito em linguagem humana, onde D´us se revela presente na história. Passado, Presente e Futuro. 

Yom Shishi - Sexta-Feira

Como judeu adventista, ao ler as páginas do livro O Grande Conflito, especialmente o capítulo sobre Guilherme Miller e a mensagem do advento, sou profundamente tocado por uma verdade essencial: D'us não é um D'us de mistério indecifrável, mas de revelação. As palavras de Yeshua em Mateus 24:15 – "quem lê, entenda" – ecoam o chamado bíblico para a vigilância e o estudo profundo das profecias.

Muitos em nossos dias, assim como nos dias de Miller, consideram livros como Daniel e Apocalipse selados, distantes da compreensão humana. No entanto, como bem frisado por Ellen White, o próprio título do último livro das Escrituras é "Revelação de Jesus Cristo". Revelação não esconde — revelação ilumina.

Daniel 2, por exemplo, é uma prova racional e poderosa de que o Eterno conhece o futuro e dirige a história humana com propósito. Ao vermos impérios surgirem e caírem conforme as visões dadas há milênios, nossa fé se fortalece — não numa tradição humana, mas no D'us vivo que dirige os destinos das nações.

Em tempos de interpretações apressadas ou especulativas, até mesmo dentro da comunidade de fé, é essencial voltarmos ao princípio bíblico: "Examinem todas as coisas, retenham o que é bom" (1Ts 5:21). A melhor proteção contra o erro é o estudo sério, reverente e sistemático da Palavra de D'us, em oração e com humildade.

As profecias não são curiosidades para satisfazer a mente, mas mensagens vivas que amadurecem o povo de D'us para o tempo do fim. Assim como o chifre, a espada e a mulher têm significados simbólicos claros nas Escrituras, também nossa missão como remanescente é clara: anunciar a verdade presente com fidelidade, e viver em preparação para o encontro com o nosso Rei.





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Escrito por: Amanda Medina 


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