Dvar Torah דבר תורה
20ª Parashat Tetsavê (02 de fev.- 08 de mar.)
Escrito por: Israel Gusmão
תצווה Tetsavê (Ordena)
Shemot /Êxodo 27:20-30:10
"Tu, pois, ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o candeeiro, para fazer arder as lâmpadas continuamente."
1ª Aliyah: Shemot 27:20-28:12
2ª Aliyah: Shemot 28:13-30
3ª Aliyah: Shemot 28:31-43
4ªAliyah: Shemot 29:1-18
5ª Aliyah: Shemot 29:19-37
6ª Aliyah: Shemot 29:38-46
7ª Aliyah: Shemot 30:1-10
Haftarah (Os Profetas)
Ezequiel 43:10-27
Brit Chadashá (Novo Testamento)
Marcos 5:1-6:56
Hebreus 13:10-16
Após D'us dar orientações acerca da construção do mishkan (santuário), a parashá Tetzavê dará uma ênfase maior para as vestes de Aharon (Aarão) e seus filhos, dedicando todo o capítulo 28 com os detalhes das vestes. Até então, a Torá não dá ênfase na beleza ou na imagem de alguma coisa; as vestes estavam associadas ao engano. Veja: Adam (Adão) e Chava (Eva), após serem enganados pela serpente, fizeram roupas de folhas; Yaakov (Jacó) finge ser Essav (Esaú) usando das roupas de Essav; os Irmãos de Yossef (José) molham a roupa dele no sangue para enganar Yaakov; a mulher de Potifar usa as roupas de Yossef para incriminá-lo.
Até mesmo a palavra בגד "bégued" (roupa), tem as mesmas letras de בגד "bagad" (enganar). No entanto, é a primeira vez na torá em que D'us chama a atenção para a estética. "Farás vestes sagradas para Aarão, teu irmão, para כבוד (glória) e תפארת (beleza/ magnifência)" Êx 28:4. As vestes de Aharon não eram para a glória ou beleza dele mesmo, mas refletiam o caráter do Eterno. Sobre isso, o comentarista Rashi diz "para santificá-lo, [para] que ele Me sirva [como um Cohen/Sumo-Sacerdote]. Heb. לְקַדְּשׁוֹ לְכַהִנוֹ-לִי , para santificá-lo, para iniciá-lo na kehunah através destas vestes [para] que ele fosse um Cohen para Mim."
2-Tzitz (ציץ) – Placa de ouro com a inscrição "Santidade ao Senhor"
3-Ombreiras do Éfode – Contêm duas pedras de ônix com os nomes das tribos de Israel gravados
4-Peitoral do Juízo (Hoshen Mishpat, חושן משפט) – Placa quadrada com 12 pedras preciosas representando as tribos de Israel
5-Urim (אורים) - Pedra usada para discernir a vontade divina, guardada no peitoral
11-Faixa do Éfode (Cheishev, חשב) – Cinto bordado que prende o éfode
16-Ketonet (כתונת) – Túnica de linho branco, usada como base da vestimenta
18-Sandálias ou pés descalços – O sumo sacerdote ministrava sem calçados dentro do Templo
Na cultura pagã dos povos antigos, a santidade era atribuída ao belo, por exemplo os gregos que valorizavam a perfeição e a estética. A lição dessa parashá, é que a forma como nos comportamos, reflete o D'us a quem servimos e nos traz à memória "Santidade ao Eterno", como na testeira de Aharon (Aarão). Vemos que o oposto de santo, não é profano, é comum; o verbo קדש (Kad'sh) significa separar-se. Ainda sobre as vestes de Aharon, quero falar do peitoral de 12 pedras e a lâmina de ouro escrito "Santo ao Eterno".
Aharon carregava nos ombros duas pedras com os nomes das 12 tribos, símbolo de sua responsabilidade espiritual perante as tribos. Era seu dever ensinar e representar o povo diante do Eterno. Por isso, em Yom Kipur ele apresentava ofertas de perdão de pecados pelo povo também. Mas não é bom apenas carregar nos ombros; o peitoral traz um sentimento de compaixão e amor pelo povo. Ao mesmo tempo em que era o representante, era o pastor do povo e devia ensinar os estatutos com amor.
Uma pequena estória ilustra muito bem o que estamos dizendo sobre as vestes:
Havia um judeu ortodoxo chamado Moshê, que durante toda a vida tinha sido zeloso e fiel a D'us. Ao completar 60 anos, orou "Hashem, tenho te servido durante toda a minha vida. Me dê uma semana de férias para experimentar o mundo". Então, trocou de roupa, mudou todo o seu estilo e foi curtir. Atravessando a rua, um carro o atropelou e, desesperado, orou pedindo ajuda. Um anjo o respondeu e disse: "Moshê, é você? Não te reconheci com essas roupas"
Haftará
Os versos iniciais do capítulo 43 de Ezequiel narram uma visão em que a glória de D'us enchia o templo e dizia que o Eterno habitaria para sempre no meio do povo de Israel. "E eis que, do caminho do oriente, vinha a glória do D'us de Israel; a sua voz era como o ruído de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória... Então, ouvi uma voz que me foi dirigida do interior do templo, e o homem se pôs de pé junto a mim, e o Senhor me disse:" Ez 43:2,6. Essa visão é muito interessante, principalmente se conectarmos ela com as parashiot Mishpatim, Tetzavê e Ki Tissá! Veja:
Na parashá Mishpatim, D'us fala sobre um anjo que iria adiante do povo e nele (o anjo) estaria o nome de D'us. "Eis que eu envio um Anjo adiante de ti, para que te guarde pelo caminho e te leve ao lugar que tenho preparado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não te rebeles contra ele, porque não perdoará a vossa transgressão; pois nele está o meu nome." A identidade desse anjo é misteriosa, já que ele perdoaria, ou não, os pecados do povo. E D'us ora fala do anjo ora dEle mesmo. Na parashá tetzavê, no momento chave da inauguração do mishkan, o nome de Moisés foi ocultado misteriosamente, mas falaremos sobre isso no comentário da semana que vem.
Já a parashá KiTissá, vemos o Chet HaEguel e Moshê negociando com o povo e novamente o Anjo é mencionado. Em Ezequiel, a glória do Eterno entra no templo e um homem fica em pé, diante de Ezequiel e uma voz é ouvida. A verdade é que esse texto de Ezequiel pode estar associado com os textos dessas parashiot. Então, vemos a identidade desse anjo revelada na Brit Chadashá "E os escribas e fariseus arrazoavam, dizendo: Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão D'us?" E "porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade." Esse anjo é Yeshua! Ele que guiava o povo no deserto e ele que entrou no templo na visão de Ezequiel. Yeshua HaMashiach.
Brit chadashá
Nos escritos da brit chadashá para essa semana, vemos alguns milagres de Yeshua, como a famosa história da ressureição da filha de Jairo, a cura de uma mulher com fluxo de sangue e a cura de um endemoniado. Mas quero me concentrar no texto de Hebreus, referente à parashá tetzavê. Nela, estudamos sobre alguns sacrifícios a serem realizados no dia da consagração do mishkan.
O rebe Shaul, faz uma aplicação de como os sacrifícios realizados apontavam para Yeshua. Na realidade, nunca foi o propósito de D'us que se realizassem sacrifícios de animais, mas foi uma ferramenta pedagógica de D'us ensinar o plano da redenção aos hebreus e assim concorda o comentarista da torá Isaac Abravanel, que disse que haveria um tempo em que os sacrifícios cessariam. "porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados." Hb 10:4. Todo o ritual era uma forma didática e profética de anunciar o sacrifício do Mashiach.
"Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste;... então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo." O texto diz que fazer a vontade de D'us é melhor do que ofertas e oblações; visto que eles não tinham poder para transformar o coração, se bem que pela fé naquele por qual os sacrifícios apontavam. Por isso é que essa aliança necessitava ser renovada! Isto é, um sacrifício superior e que fosse capaz de transformar o coração humano.
Aqui chegamos à conclusão: "Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança(Brit Chadashá) com a casa de Israel e com a casa de Judá." Comparando ao verso de Hebreus "Porque, com uma única oferta, (Yeshua) aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados." Yeshua, é o mediador de superior aliança, não que isso anule a torá, mas que seu sangue proporcionou perdão de pecados e "Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado." Por meio de Yeshua, a lei de D'us pode ser gravada em nossos corações.
Reflexão: Diante dessa parashá, e do que foi abordado aqui, como está a sua identidade como servo de D'us? Ao olhar para você, as pessoas podem ler "santidade ao Eterno"?






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